
Queridos irmãos e irmãs em Cristo,
Hoje escrevo para vocês com o coração apertado e reflexivo, diante das notícias sobre a saúde delicada do papa Francisco. Confesso que, ao ler sobre sua internação prolongada e a complexidade de sua infecção polimicrobiana, senti-me impelido a compartilhar algumas reflexões profundamente cristãs, não apenas sobre a situação do pontífice, mas também sobre como, como corpo de Cristo, devemos enxergar momentos como este.
Não se enganem, queridos leitores, não estou aqui para politizar a doença do papa, nem para fazer julgamentos. Pelo contrário, quero falar-lhes sobre fé, humildade e o significado do sofrimento à luz da Palavra de Deus. E, sim, faço isso como um cristão conservador, que valoriza a Tradição e vê no sofrimento humano um reflexo da cruz de Cristo.
Primeiramente, permitam-me lembrar as palavras de Isaías 53:4-5: “Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e carregou as nossas dores; e nós o considerávamos aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” Ah, meus amados, como essas palavras ressoam quando pensamos no papa Francisco, um homem de idade avançada, enfermo, enfrentando suas limitações físicas.
Aqui, quero falar diretamente com você, leitor fiel do Cartas Gospel. Você já parou para pensar no valor do sofrimento redentor? Em um mundo que idolatra a saúde perfeita, a juventude eterna e o sucesso sem falhas, contemplar a fragilidade humana é um poderoso lembrete de que todos nós somos pó, e ao pó retornaremos. Eclesiastes 12:7 nos diz isso claramente: “E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.”
O papa Francisco, em sua humanidade, nos lembra que nem mesmo aqueles em posições de autoridade espiritual estão isentos da dor e da enfermidade. Aliás, seu sofrimento é um testemunho vivo da vulnerabilidade humana. Não, ele não é infalível em questões de saúde, e, francamente, é um tanto poético pensar que um homem tão influente esteja tão limitado em seu corpo físico.
Mas quero ir além. Se você tem acompanhado as notícias com um olhar crítico, talvez já tenha percebido como a mídia secular retrata essa situação: há uma preocupação com o estado de saúde do papa, sim, mas também há um tom quase sensacionalista, como se esperassem pelo pior. Isso me faz refletir sobre o valor que damos à vida humana nos dias de hoje. Somos rápidos em lamentar a doença de uma figura pública, mas, ao mesmo tempo, quantos idosos são abandonados em hospitais e asilos, sem visitas, sem carinho, sem esperança?
“Honra teu pai e tua mãe” — esse é o quinto mandamento (Êxodo 20:12), e vale não apenas para nossos pais biológicos, mas para todos os idosos e enfermos que merecem respeito e dignidade. O papa Francisco, em sua condição de saúde fragilizada, é um símbolo daqueles que sofrem em silêncio, longe dos holofotes.
Você já se perguntou por que Deus permite que homens santos sofram? Ora, não foi diferente com Jó, um homem íntegro que enfrentou dores inimagináveis. Jó 2:10 nos lembra de sua resposta à esposa: “Aceitaremos o bem dado por Deus, e não aceitaremos o mal?” Aqui, somos confrontados com um dilema teológico profundo: o propósito do sofrimento.
Eu ouso dizer que o papa Francisco, ao suportar suas dores e limitações, nos oferece uma lição de resiliência cristã. Ele continua fazendo ligações, preocupando-se com sua paróquia, carregando sua cruz com dignidade. E você? Como você lida com seus próprios sofrimentos? Reclama ou os oferece a Deus como um sacrifício vivo?
É claro que não posso ignorar o contexto em que tudo isso ocorre. O mundo está em convulsão, e o Vaticano não é exceção. A saúde debilitada do papa traz incertezas sobre o futuro da Igreja Católica e, sim, já há especulações políticas sobre sucessão. Não é o momento para esse tipo de debate, mas não podemos ser ingênuos. O mundo espiritual é real, e as forças das trevas aproveitam-se da fraqueza humana para semear a discórdia.
Você percebe o que está em jogo aqui? Não é apenas a saúde de um homem idoso; é uma batalha espiritual pelo coração e pela fé de milhões de católicos ao redor do mundo. Estamos preparados para orar como Daniel orou em Babilônia, com fé inabalável, mesmo sabendo que o desfecho pode não ser o que desejamos?
E, finalmente, quero encorajá-lo a refletir sobre Hebreus 13:3: “Lembrai-vos dos presos, como se estivésseis presos com eles, e dos maltratados, como sendo vós mesmos também no corpo.” Você tem intercedido pelo papa Francisco? Ou apenas consumido as notícias como se fossem entretenimento?
Independentemente de suas opiniões pessoais sobre o pontífice, como cristão, você é chamado a orar por todos os líderes, sejam eles religiosos ou políticos. “Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; pelos reis, e por todos os que estão em eminência…” (1 Timóteo 2:1-2).
Portanto, querido leitor, dobremos nossos joelhos. Não apenas por Francisco, mas por todos os enfermos, pelos esquecidos, pelos marginalizados. Que Deus use esse momento de fraqueza humana para revelar Sua força divina. Que, assim como Paulo, possamos dizer: “Porque, quando estou fraco, então é que sou forte.” (2 Coríntios 12:10).
E que, ao refletirmos sobre o sofrimento do papa, possamos enxergar a fragilidade de nossa própria vida, buscando não apenas saúde física, mas cura espiritual. Porque, no final, o que importa não é quantos anos vivemos na Terra, mas o impacto eterno que nossas vidas deixam para a Glória de Deus.
Que o Espírito Santo console, fortaleça e guie nossos corações. E que possamos aprender a carregar nossas próprias cruzes com fé inabalável, até o glorioso dia em que estaremos na presença de nosso Salvador.
Com informações Folha de S.Paulo