
Queridos leitores, amigos e irmãos em Cristo,
Hoje, escrevo-lhes com o coração pesado e a alma inquieta diante de mais um testemunho do sofrimento humano. Chegou até nós a triste realidade enfrentada pelos refugiados Rohingya, um povo que, assim como tantos outros ao longo da história, foi perseguido, expulso de sua terra natal e agora se vê à beira da fome em campos superlotados, privados da dignidade de uma vida minimamente segura e próspera.
Nosso Senhor Jesus Cristo nos ensinou a olhar para o próximo com amor e misericórdia, lembrando-nos que “Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mateus 25:40). No entanto, ao vermos o que acontece com essas vidas inocentes, nos questionamos: onde está o amor ao próximo neste mundo tão endurecido pelo egoísmo e pela indiferença?
O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, visitou recentemente os campos de refugiados Rohingya em Cox’s Bazar, Bangladesh. Sua visita ocorre em um momento crítico, em que o Programa Mundial de Alimentos (PMA) anunciou que as rações alimentares podem ser reduzidas pela metade devido à escassez de financiamento. De US$ 12,50, o valor que já era insuficiente para sustentar uma família, agora pode cair para apenas US$ 6 por mês. Se essa redução ocorrer, as palavras de um dos refugiados soam como um grito de desespero: “Vamos simplesmente morrer de fome”.
Refletimos sobre isso e nos perguntamos: como é possível que em um mundo tão abundante haja aqueles que simplesmente não têm o que comer? Como podemos assistir inertes a esses eventos sem que nossos corações se dobrem em oração e nossas mãos se estendam em ajuda?
Bangladesh abriga hoje mais de 1 milhão de Rohingyas, uma minoria muçulmana perseguida que fugiu de Mianmar após uma onda de violência brutal. Sem acesso a trabalho, educação ou qualquer perspectiva de futuro, essas famílias sobrevivem às custas de uma assistência internacional cada vez mais escassa.
Lembremo-nos do apelo de Sabir, um pai de cinco filhos, que lamenta: “Não temos permissão para trabalhar aqui. Sinto-me impotente quando penso nos meus filhos. O que vou alimentá-los?” Como cristãos, sabemos que um pai que vê seus filhos passando fome sente uma dor indescritível. Nós, que conhecemos o amor do Pai celestial, sabemos que não fomos criados para sermos indiferentes ao sofrimento dos outros.
A situação é ainda mais grave pois, além das restrições impostas pela pobreza, pela falta de recursos e pelo abandono político, este povo clama por algo que é ainda mais essencial do que o alimento: o direito de existir com dignidade.
Nós, que desfrutamos do conforto de nossas casas, do alimento em nossa mesa e da liberdade de praticar nossa fé, somos chamados a nos levantar em oração e em ação. Nosso Senhor Jesus Cristo nos ensina que a verdadeira religião é “visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo” (Tiago 1:27).
Devemos interceder por essas vidas, clamando para que Deus mova os corações das nações, de seus líderes e de cada um de nós. Oremos para que os que têm em abundância sejam movidos a compartilhar, que aqueles que têm voz se levantem em defesa desses inocentes e que Deus opere o impossível onde tudo parece perdido.
Na palavra de Abdur Salam, um idoso de 80 anos, ouvimos o clamor de um povo inteiro: “Se vocês não podem nos dar comida suficiente, por favor, nos mandem de volta para nossa terra natal. Queremos retornar a Mianmar com nossos direitos”. Como podemos ignorar essa súplica? O que dizer a um homem que viveu quase um século e cuja vida se resume à luta por um mínimo de dignidade?
Queridos irmãos, sabemos que a fome, a guerra, a perseguição e a injustiça são realidades deste mundo caído. Mas também sabemos que Cristo é nossa esperança. Ele nos chama a ser sal e luz onde quer que estejamos, a fazer a diferença na vida dos que sofrem. Se não podemos estar lá fisicamente, podemos apoiar causas que levam ajuda a esses refugiados, podemos usar nossa influência para sensibilizar mais pessoas, podemos jejuar e orar por um milagre.
A história dos Rohingyas é apenas uma entre tantas no mundo. Os cristãos perseguidos, as crianças famintas, os idosos abandonados, os povos sem pátria. Todos eles são filhos de Deus, todos eles clamam por justiça. E nós, que fomos chamados para ser “a cidade edificada sobre o monte” (Mateus 5:14), não podemos permanecer inertes.
Que esta mensagem sirva para despertar em nós um senso de urgência. Que possamos lembrar que “aquele que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado” (Tiago 4:17). E que possamos agir, cada um conforme suas possibilidades, mas todos com o mesmo coração voltado para o próximo.
Fiquem na paz do Senhor.
Com informações Reuters