
Amados leitores do Cartas Gospel,
Em tempos de turbulência e perplexidade, somos chamados a observar os acontecimentos à luz da verdade que liberta, como nos ensinou o Senhor Jesus Cristo: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32). Os últimos desdobramentos no julgamento dos atos ocorridos em 8 de janeiro de 2023, apresentados pela jornalista Camila Abrão na Gazeta do Povo, revelam não apenas uma disputa narrativa, mas um embate espiritual mais profundo, onde a verdade é muitas vezes obscurecida por interesses humanos e políticos.
O ministro Alexandre de Moraes, em sua intervenção enérgica, rejeita a chamada “narrativa mentirosa” de que o Supremo Tribunal Federal teria condenado “velhinhas com a Bíblia na mão” que, segundo essa visão, apenas passeavam por Brasília em um domingo ensolarado. Para ele, tal afirmação é um exemplo do que classificou como “terraplanismo argumentativo” – um termo que, por si só, já revela um certo desprezo por aqueles que ousam questionar a versão oficial dos fatos. Mas, como cristãos, devemos lembrar que toda verdade deve ser examinada cuidadosamente, pois “o prudente vê o mal e se esconde” (Provérbios 22:3).
Se é certo que a verdade não se amolda a conveniências, por que, então, há tanto esforço em desqualificar aqueles que levantam questionamentos? É importante observar que o ministro apresentou números detalhados sobre as condenações: 497 pessoas foram sentenciadas, sendo que apenas 7 delas têm mais de 70 anos. Contudo, a simples menção a estatísticas não responde à pergunta mais importante: a aplicação da justiça tem sido pautada pela imparcialidade e pelo respeito ao devido processo legal?
A Bíblia nos ensina em Miqueias 6:8: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus?” Ao refletirmos sobre essa passagem, somos levados a questionar se, em meio às decisões judiciais, há espaço para a misericórdia e para o verdadeiro espírito de justiça, ou se estamos diante de um sistema que opera segundo suas próprias conveniências políticas e ideológicas.
Não podemos ignorar que muitas dessas pessoas condenadas são cidadãos comuns, que, por um momento de indignação, foram levados a se manifestar. Embora qualquer ato de vandalismo deva ser reprovado, a criminalização exacerbada de manifestações políticas revela um viés preocupante. O apóstolo Paulo nos adverte em Gálatas 5:1: “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão”. A liberdade de expressão e o direito de protesto são pilares de uma sociedade livre, mas parece que esses valores estão cada vez mais sob ataque.
É curioso que, ao mesmo tempo em que se nega a existência de uma perseguição seletiva, se use o aparato estatal para silenciar determinadas vozes. Não seria essa uma forma moderna de perseguir aqueles que se levantam contra os poderes deste mundo? Afinal, como bem sabemos, “nossa luta não é contra carne e sangue, mas contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século” (Efésios 6:12).
O ministro Alexandre de Moraes pode tentar desqualificar as preocupações legítimas da população ao rotulá-las de “narrativas fraudulentas” ou “fake news”, mas o povo de Deus tem discernimento espiritual. Sabemos que a verdade não depende de retórica pomposa ou de estatísticas manipuláveis – a verdade é uma pessoa, Jesus Cristo, que não pode ser silenciado por nenhum tribunal humano.
A Escritura nos alerta em Isaías 5:20: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem da escuridade luz, e da luz escuridade; e fazem do amargo doce, e do doce amargo!” Infelizmente, vivemos dias em que a justiça parece estar de cabeça para baixo, e aqueles que deveriam zelar pela lei a transformam em instrumento de opressão.
O que mais inquieta é o tom de superioridade moral adotado por autoridades que, em vez de ouvir as angústias do povo, preferem menosprezá-las. Quando Moraes compara questionamentos legítimos ao terraplanismo, não apenas rejeita a crítica, mas busca ridicularizá-la, como se apenas ele e seus pares fossem detentores da verdade absoluta. Mas sabemos que a verdadeira sabedoria vem do alto: “Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos” (Tiago 3:17).
Em meio a esse cenário, a igreja de Cristo não pode se calar. Somos chamados a ser “sal da terra” e “luz do mundo” (Mateus 5:13-14), denunciando as injustiças e proclamando a verdade com coragem e amor. Se hoje aceitamos em silêncio a criminalização de cidadãos comuns por exercerem seus direitos, amanhã pode ser a nossa fé que estará em julgamento.
Portanto, amados irmãos, não nos deixemos intimidar pelas vozes deste século. Ainda que o mundo nos rotule e tente calar a verdade, permaneçamos firmes no Senhor, sabendo que “o julgamento virá e a justiça será feita” (Salmos 37:28). Sigamos orando por nossa nação, por nossas autoridades, para que se convertam ao caminho da justiça e da verdade genuína, e, sobretudo, para que a luz de Cristo brilhe em meio às trevas.
Com fé e esperança,
Com informações Gazeta do povo