“Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, que não muda como sombras inconstantes.” Tiago 1:17
Querido(a) irmão(ã) em Cristo,
Que a paz que excede todo o entendimento guarde o seu coração e a sua mente em Cristo Jesus, agora e sempre. – Hoje, desejo compartilhar contigo uma meditação profundamente enraizada em um dos versículos mais ricos e reconfortantes das Escrituras. Falo de Tiago 1:17, onde somos lembrados da fidelidade imutável de Deus e da fonte verdadeira de toda dádiva boa que alcança nossas vidas. Escrevo esta carta com o coração aquecido por essa verdade eterna, e oro para que, ao caminhar por estas linhas, seu espírito seja edificado e suas aflições encontrem repouso nos braços do nosso Pai celestial.
Quantas vezes em nossas vidas somos tentados a pensar que as coisas boas que recebemos são fruto apenas de nossos esforços? Somos ensinados desde cedo que é preciso batalhar, correr atrás, lutar pelo que queremos — e, em parte, isso é verdade. Mas Tiago nos conduz por um caminho mais elevado. Ele nos revela que tudo que é verdadeiramente bom, tudo que é perfeito, tudo que preenche a alma e ilumina a vida, não nasce de mãos humanas, nem se origina em sistemas terrenos. Vem do alto. Desce diretamente do trono de Deus. É obra do Pai das luzes.
Esse título, “Pai das luzes”, é de uma beleza que emociona. Ele nos remete à criação, quando o Senhor disse: “Haja luz”, e houve luz. O mesmo Deus que acendeu o sol, a lua e as estrelas, que adornou o universo com brilhos que o homem jamais conseguirá reproduzir em sua totalidade, é o mesmo que derrama sobre nós dádivas que não têm sombra, nem variação. Ele é imutável. E isso, meu querido irmão, minha querida irmã, é uma das maiores âncoras para a nossa fé.
Vivemos em tempos sombrios. Em uma geração onde as pessoas mudam de opinião como mudam de roupa, onde os sentimentos oscilam como folhas ao vento, e as promessas humanas são tão frágeis quanto papel molhado, a certeza de que Deus não muda é um consolo que nenhuma riqueza terrena pode substituir. O Deus que te sustentou ontem é o mesmo que caminha contigo hoje. Ele não sofre variação. Não há sombra em Seu caráter. Ele é luz pura, constante, e infinita.
Se olharmos para nossas próprias vidas, podemos identificar momentos em que tudo parecia escuro. Enfermidades, perdas, traições, portas fechadas, sonhos frustrados, silêncios que doem. Talvez você esteja vivendo um desses momentos agora mesmo. Talvez esta carta tenha chegado até você num desses dias cinzentos, em que até mesmo orar parece um esforço. Eu te entendo. Já estive nesse lugar. Já chorei em silêncio, enquanto sorrisos falsos escondiam a dor que ninguém conseguia ver.
Mas é nesse lugar de dor que essa palavra se torna ainda mais viva. Tiago não diz que toda “coisa” vem do alto — ele diz que toda boa dádiva. Isso significa que há presentes que parecem bons, mas não são. E há outros que, à primeira vista, não parecem nada desejáveis, mas são dádivas perfeitas disfarçadas de provações. Quantas vezes Deus nos presenteia com o silêncio, e nós pensamos que Ele nos esqueceu? Mas depois, olhando para trás, percebemos que foi no silêncio que mais crescemos, que mais fomos moldados, que mais aprendemos a confiar.
O dom perfeito nem sempre vem embalado em alegria. Às vezes, ele vem em forma de um “não”. Em outras, em forma de espera. E ainda em outras, em forma de dor. Mas todos eles vêm do alto, do Pai que nos ama com amor eterno, e que só dá o melhor aos Seus filhos. Sim, até o sofrimento pode ser dom, se nos aproxima mais de Cristo.
É importante lembrar que Tiago escreve essa carta para irmãos em meio à perseguição. Eles não estavam vivendo tempos de fartura. Eles estavam sendo provados. E justamente ali, no calor da fornalha, o Espírito Santo revela que as melhores coisas não vêm da terra, nem do homem, mas de Deus. É como se Tiago dissesse: “Não se confundam com o caos ao redor. Não se enganem pelas tribulações. O que é verdadeiramente bom ainda vem do alto, e continua vindo. O Pai não mudou. Ele continua enviando luz para seus filhos.”
E talvez você me pergunte: Mas como saber o que é dom perfeito? Como discernir o que vem de Deus e o que não vem? A resposta está na natureza daquele que dá. Deus é bom, e tudo o que Ele faz é bom. Seu caráter é justo. Sua vontade é perfeita. O que vem dEle não destrói, não engana, não oprime. Mesmo quando Ele nos corrige, o faz em amor. Mesmo quando nos disciplina, o faz para nos salvar. O dom perfeito sempre nos aproxima de Cristo, sempre produz fruto eterno, mesmo que temporariamente custe lágrimas.
Esse versículo também é um lembrete contra a comparação. Vivemos uma era em que as redes sociais nos fazem acreditar que a vida dos outros é sempre mais abençoada que a nossa. Vemos fotos de casamentos, viagens, conquistas, filhos, sorrisos e pensamos: Por que comigo não acontece assim? Por que a minha vida parece tão parada, tão difícil, tão sem graça? Mas, meu irmão, minha irmã, saiba que a boa dádiva que Deus tem para você não pode ser comparada com a de ninguém. Ela é sob medida. É perfeita para você. E ela virá. No tempo certo, da forma certa, com a assinatura do Céu.
Há um outro ponto belíssimo nesse texto: as dádivas descem. Isso nos lembra que não é preciso subir montes de mérito ou escadas de religiosidade para recebê-las. Elas vêm do alto, mas descem até nós. Deus se inclina. Ele desce. Ele vem ao nosso encontro. Ele não está esperando você ser perfeito para te dar o dom perfeito. Ele sabe das suas falhas, das suas quedas, dos seus medos. E ainda assim, escolhe te amar. Escolhe te visitar. Escolhe te encher da Sua graça.
Sabe, há um versículo no Salmo 84:11 que me acompanha desde a juventude. Ele diz: “O Senhor Deus é sol e escudo; o Senhor concede favor e honra; não recusa nenhum bem aos que vivem com integridade.” Deus não retém o que é bom. Ele não é mesquinho. Ele não está de braços cruzados esperando você implorar ou mendigar bênçãos. Ele é o Pai das luzes. Ele gosta de dar. Ele é generoso por natureza. Ele se deleita em abençoar Seus filhos.
Mas, claro, às vezes o nosso conceito de “bom” é muito pequeno. Queremos o conforto agora, o milagre agora, a solução agora. E esquecemos que Deus vê o eterno. Ele sabe o que realmente vai nos edificar. Ele conhece o que vai nos tornar mais parecidos com Jesus. E por isso, Ele dá o que é bom de verdade. Não só o que agrada ao momento, mas o que alinha nosso coração ao céu.
Meu desejo ao escrever esta carta é te lembrar de quem é o seu Pai. Ele é o mesmo que alimentou Elias com corvos, que sustentou o povo no deserto com maná, que fez a viúva ter azeite suficiente para sobreviver, que transformou água em vinho, que acalmou o mar com uma palavra, que chorou no túmulo de Lázaro e que morreu por você numa cruz. Ele é bom. E Ele continua sendo bom.
Se há algo que você está esperando, continue esperando. Se há algo que dói, continue confiando. Se tudo parecer escuro, lembre-se: o Pai é das luzes. Ele não muda. Ele não falha. Ele não esquece. Ele não perde o controle. Ele sabe exatamente o que você precisa. E Ele dará. No tempo certo. Do jeito certo. Com amor.
Hoje, olhe ao redor com olhos espirituais. Talvez você já esteja cercado de dádivas e não percebeu. O fato de estar vivo. O ar que respira. O perdão que recebeu. A salvação que te alcançou. A esperança que insiste em te visitar. A fé que ainda não morreu dentro de você. Tudo isso já são presentes perfeitos. Tudo isso já é graça. E mais ainda está por vir.
Por fim, receba esta palavra como um selo do céu sobre o seu dia: Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, que não muda como sombras inconstantes. Essa promessa é sua. Ela é eterna. Ela não depende de circunstâncias, nem de sentimentos. Ela é a verdade que sustenta os que creem.
Com amor fraterno, fé renovada e esperança viva,
Seu irmão em Cristo,
