
Queridos irmãos, leitores e companheiros em Cristo Jesus,
Em tempos de confusão moral, instabilidade institucional e ataques cada vez mais explícitos à fé cristã, somos confrontados com análises que tentam deslegitimar o movimento evangélico no Brasil, reduzindo-o a um fenômeno meramente estatístico, sociológico ou econômico. A mais recente dessas análises vem estampada na Folha de S.Paulo, por meio do artigo assinado por Fabio Miessi, doutor pela London School of Economics, e Raphael Corbi, doutor pela London Business School. Com ares de cientificismo e neutralidade acadêmica, a mensagem central é cristalina: o avanço evangélico estagnou — e não voltará a crescer como antes.
Mas será mesmo? Ou estamos diante de mais um esforço desesperado de uma elite cultural que jamais compreendeu — e talvez nunca compreenderá — o verdadeiro poder do Evangelho de Jesus Cristo?
Meus amados, não nos enganemos. Há uma agenda em curso. E não é nova. Há muito tempo as forças que dominam as grandes redações, os departamentos universitários e os centros de pesquisa decidiram que a fé cristã, sobretudo a fé evangélica conservadora, representa um obstáculo à engenharia social que desejam implantar. Afinal, uma sociedade que teme a Deus não se curva tão facilmente ao Estado.
O artigo menciona que, segundo o Censo de 2022, o número de evangélicos ficou aquém das previsões. Estimava-se entre 33% e 35% da população, mas os dados oficiais indicaram 26,9%. Para os autores, isso indicaria uma “desaceleração” do crescimento e, mais ainda, uma espécie de “saturação” de um modelo baseado na multiplicação de templos de baixo custo, em regiões onde a Igreja Católica não se fazia presente.
É interessante notar como reduzem um avivamento espiritual a uma lógica de oferta e demanda de mercado. Usam termos como “infraestrutura religiosa”, “retorno esperado”, “expansão líquida de fiéis”, como se a conversão ao Evangelho de Cristo fosse fruto de um cálculo matemático ou de uma análise de oportunidade empresarial. Esquecem — ou ignoram propositalmente — que é o Espírito Santo quem convence o homem do pecado, da justiça e do juízo (João 16:8).
Claro que há fatores sociológicos no crescimento do movimento evangélico. Mas tratá-lo apenas sob esta ótica é negar a essência da fé. É como tentar explicar o nascimento de Jesus por meio de um modelo de demografia urbana em Belém, ou reduzir a multiplicação dos pães a uma logística eficiente de distribuição alimentar. Ridículo, não? Mas é assim que pensam.
Os autores dizem que o crescimento evangélico teria ocorrido por um modelo “enxuto”, que permitia a rápida instalação de templos, liderados por pastores locais, sem a dependência de clero especializado. Isso, segundo eles, foi o que garantiu o avanço do movimento. Mas agora, como o “território já estaria ocupado”, não haveria mais tanto espaço para crescer.
Ora, isso é tão raso quanto pretensioso. De fato, a simplicidade e agilidade das igrejas evangélicas contrastam com a burocracia da Igreja Católica — e isso explica parte do fenômeno. Mas não se enganem: o que levou milhões a se renderem ao Senhor Jesus não foi o baixo custo do aluguel de um salão comercial, mas sim o poder libertador do Evangelho, que entra onde o Estado não entra, que toca onde a assistência social não toca, que cura onde o sistema de saúde falha, que restaura onde a ideologia destrói.
A fé evangélica floresceu entre os pobres, entre os esquecidos, entre os marginalizados, entre os aflitos. E continua florescendo! Talvez não mais com o mesmo ritmo dos anos 80 ou 90, porque hoje há outras batalhas sendo travadas — não mais de ocupação territorial, mas de preservação moral e resistência espiritual. A guerra agora é cultural, ideológica, espiritual.
E é por isso que eles temem os evangélicos.
Eles não temem nossos templos. Eles temem nossos valores. Temem nossa fidelidade à Palavra de Deus. Temem que digamos com ousadia: homem é homem, mulher é mulher, que família é um pai, uma mãe e filhos, que sexo é para o casamento, que vida começa na concepção, que corrupção é pecado, e que Cristo é o único Caminho.
É isso que a elite jornalística e acadêmica brasileira não tolera.
Eles falam que o avanço evangélico estagnou? Pois bem, que olhem ao redor! Em todo canto do país — das favelas ao Congresso Nacional — há evangélicos orando, agindo, falando, influenciando. Somos quase 27% da população, segundo o próprio Censo. Um em cada quatro brasileiros se identifica com a fé evangélica! Isso é pouco?
Mas há algo ainda mais profundo por trás desse tipo de análise. Ao tentar naturalizar a desaceleração do crescimento evangélico, eles plantam a ideia de que o tempo dos evangélicos está passando. Querem enfraquecer nossa confiança. Querem nos dividir. Querem que passemos a duvidar do que o Senhor tem feito entre nós.
Mas como diz a Escritura: “Aquele que começou boa obra em vós a completará até o dia de Cristo Jesus” (Filipenses 1:6). A obra não é nossa. A expansão do Reino não depende de engenheiros de templos, mas da ação soberana de Deus. E se Ele desejar que sejamos 50%, 60% da população brasileira — nada poderá impedir. Nem os doutores da USP, nem os articulistas da Folha, nem os algoritmos das redes sociais.
E mais: não nos movemos por números, mas por princípios. Se fôssemos apenas uma multidão amorfa, talvez fosse mais fácil nos manipular. Mas somos um povo vivo, cheio do Espírito, guiado pela Palavra. Nossa força não está nos gráficos de crescimento, mas no sangue derramado do Cordeiro.
Essa tentativa de declarar a estagnação do avanço evangélico também tem um propósito político, meus irmãos. Estamos a pouco mais de um ano das próximas eleições. O que esse artigo tenta dizer, nas entrelinhas, é que os evangélicos não são mais uma ameaça tão grande. Que nossa influência está diminuindo. Que os políticos podem nos ignorar. Que o “boom” evangélico passou.
Engano fatal.
O que está acontecendo, na verdade, é uma mudança de fase. Saímos da fase de expansão desenfreada e entramos na fase da consolidação ideológica. Agora é tempo de fortalecer o que foi edificado. De formar líderes. De capacitar igrejas. De evangelizar com profundidade. De influenciar leis. De formar colégios e universidades cristãs. De ter mídia cristã. De preparar nossos jovens para a guerra cultural. Não é o fim. É o próximo capítulo.
Por isso, digo a você que lê essa carta com o coração ardente: não desanime, não se intimide, não recue. O avanço do Reino é como as águas de um rio: pode encontrar obstáculos, mas sempre encontra um caminho. O que Deus prometeu, Ele cumprirá.
E a nós, que vivemos neste tempo de transição, cabe manter a chama acesa. Ensinar nossos filhos. Orar pelos nossos líderes. Estudar a Palavra com zelo. Combater o bom combate. E se for necessário, pagar o preço da fidelidade. Porque, ao final, o que importa não é sermos muitos — mas sermos fiéis até o fim.
Que os doutores digam o que quiserem. Que os jornais decretem nossa estagnação. Que os céticos zombem da fé. Continuaremos de pé. Com Bíblia na mão, amor no coração, joelhos no chão e olhos no alto — porque é de lá que vem o nosso socorro.
Que Deus te abençoe, te fortaleça e te renove neste dia. E que jamais se cale diante dos que tentam calar a verdade.
Com fé e convicção inabalável,
Leandro G. Veras
Cartas Gospel – Para quem crê, resiste e nunca desiste.