
Amados irmãos em Cristo,
Hoje vos escrevo com o coração profundamente aflito, mas também inflamado pelo clamor da justiça celestial. Recebi, com o espírito em oração, a notícia divulgada pelo jornalista Mubasher Bukhari, da Reuters, no último dia 19 de abril. Trata-se de mais um capítulo doloroso da perseguição cristã que se alastra como praga silenciosa sobre o mundo, e que agora atinge com violência e injustiça um servo de Deus em terras paquistanesas.
Um homem cristão de 36 anos, residente na cidade de Jaranwala, no leste do Paquistão, foi condenado à morte por blasfêmia, após ter sido acusado de profanar o Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos. Essas alegações, já contestadas e envoltas em obscuridade, geraram um rastro de destruição: centenas de casas cristãs e igrejas foram queimadas, e milhares de irmãos nossos foram obrigados a fugir em desespero, abandonando não apenas seus lares, mas também suas memórias, seus sonhos e sua dignidade humana.
Esses são os ecos de uma injustiça que clama aos céus. O advogado do acusado, Akmal Bhatti, informou à Reuters que a defesa irá apelar à Alta Corte, buscando reverter essa sentença macabra, que mais se assemelha a um grito de intolerância do que a um veredito da razão.
Mas o que mais nos comove, irmãos, não é apenas o peso da pena — é a constante repetição da tragédia. A pena de morte por blasfêmia no Paquistão nunca foi oficialmente executada pelo Estado, mas as ruas contam uma história diferente. Lá, multidões enfurecidas têm tomado a justiça em suas próprias mãos, linchando, espancando, apedrejando e exterminando vidas em nome de uma fé distorcida, usada como arma política e instrumento de terror.
Como pode, Senhor, que Teus filhos continuem sendo sacrificados nos altares da intolerância, enquanto o mundo assiste em silêncio?
Na mesma semana em que este cristão foi condenado à morte, um outro episódio trágico foi registrado: em Karachi, no sul do país, uma multidão de até 200 pessoas linchou um homem da minoria Ahmadi, considerado herege por grupos muçulmanos ortodoxos. O homem, dono de uma oficina mecânica, foi morto com tijolos e pedaços de pau. A morte não foi apenas física — foi moral, social e espiritual. Foi a negação de qualquer noção de humanidade.
E então eu pergunto: até quando?
Até quando o mundo tolerará que a fé cristã seja condenada ao silêncio, ao medo e à morte, em nações onde o nome de Jesus é considerado crime? Até quando permitiremos, nós — Igreja viva e atuante de Cristo — que nossos irmãos sofram calados, como cordeiros levados ao matadouro, sem que ao menos levantemos nossa voz em sua defesa?
O artigo de Mubasher Bukhari, jornalista da Reuters, não apenas denuncia a tragédia; ele nos convoca à reflexão. Mas como cristãos, não somos chamados apenas a refletir. Somos convocados à ação, à oração intercessora, ao clamor coletivo e à defesa ativa da liberdade religiosa, que é antes de tudo um direito concedido por Deus, não por governos.
Somos corpo. Quando um membro sofre, todo o corpo sente. Quando um irmão é ferido, todos nós sangramos. Não podemos nos calar. Não podemos nos esconder em nossas igrejas confortáveis, em nossos templos com ar-condicionado, enquanto a verdadeira batalha da fé é travada com sangue e cinzas do outro lado do mundo.
Hoje, quero te chamar — sim, você, que está lendo esta carta — a se levantar.
Levante-se por este homem anônimo, cuja identidade sequer foi revelada na reportagem para protegê-lo de novas represálias. Levante-se pelos milhares que perderam tudo na noite em que a loucura religiosa ateou fogo em suas vidas. Levante-se pelos mártires modernos, que não negaram sua fé mesmo diante das ameaças mais brutais.
Ore. Clame. Jejue.
E se possível, escreva. Divulgue. Envie cartas às autoridades internacionais. Compartilhe a matéria de Mubasher Bukhari, para que mais pessoas vejam o que acontece quando a liberdade de consciência é substituída pelo medo da espada. Leve essa denúncia aos quatro cantos, para que ninguém mais possa dizer: “Eu não sabia.”
O mundo precisa ouvir o clamor do sangue inocente derramado em Jaranwala. Precisa ouvir o som das igrejas queimadas. Precisa ouvir o silêncio das crianças que viram seus pais sendo espancados, e agora já não conseguem mais confiar em ninguém. Precisa ouvir o grito abafado da mãe cristã que beija o filho na prisão, sabendo que a sentença que paira sobre ele é a morte — e que ele pode morrer por algo que jamais fez.
Cristo foi crucificado por um tribunal corrupto. Acusado de blasfêmia também. De ser “rei” onde só havia César. De curar no sábado. De amar demais. A história se repete, porque o espírito do anticristo continua agindo, disfarçado de falsa justiça, vestido com a toga de juízes que servem ao medo e não à verdade.
Mas a nossa esperança não está na justiça dos homens.
A nossa esperança está em um trono mais alto, de onde desce a verdadeira justiça, aquela que não pode ser corrompida, comprada ou intimidada. Está em Jesus, o Justo Juiz, que voltará para julgar vivos e mortos. Está na certeza de que nenhuma lágrima derramada por amor ao Seu nome será esquecida. Nenhuma. Nem uma só.
Enquanto esse dia não chega, que a nossa resposta seja cristã. Que seja amorosa, mas firme. Que seja compassiva, mas não covarde. Que sejamos como Paulo e Silas, que mesmo presos, cantavam. Que sejamos como Estevão, que mesmo apedrejado, orava por seus algozes. Que sejamos como o próprio Cristo, que nos ensinou a amar os inimigos, mas nunca a aceitar a injustiça como algo normal.
A perseguição é real. O sangue é real. A dor é real. Mas a vitória também será.
Você que me lê agora: compartilhe esta carta. Ore com sua igreja. Fale sobre isso na escola bíblica. Escreva à embaixada paquistanesa. Assine petições. Doe a organizações cristãs que atuam na proteção de perseguidos. Use sua liberdade para defender quem não tem nenhuma. Porque um dia, a nossa liberdade também poderá ser colocada à prova.
A sentença desse irmão em Jaranwala ainda pode ser revertida. A defesa vai recorrer à Alta Corte, conforme relatado por Mubasher Bukhari, da Reuters. Mas se depender apenas dos trâmites jurídicos, não há garantias. Depende da nossa intercessão, da nossa mobilização, da nossa fidelidade ao chamado de sermos a voz dos que não têm voz.
Que possamos encerrar essa leitura não com um nó na garganta, mas com um clamor nos lábios. Não com medo, mas com fé. Porque o Senhor está conosco. E como diz a Escritura: “Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos Céus.”
Por esse irmão. Por todos os outros. Pela Igreja sofredora no Paquistão e em todo o mundo.
Com lágrimas, fé e esperança,
Com informações Reuters