
Queridos leitores do Cartas Gospel,
Hoje escrevo a vocês com o coração pesado e uma mente inquieta. As palavras que ecoam em minha mente não são fáceis de organizar, pois elas carregam a dor, a coragem e a fé inabalável de nossos irmãos em Cristo que vivem sob o constante peso da perseguição. Ao ler sobre a jornada de Zahra e Anis no Iêmen, no portal Portas Abertas, me levou a refletir profundamente sobre o custo de seguir a Jesus Cristo em terras onde o simples ato de crer pode custar a vida.
Imaginem, por um momento, a cena descrita: Anis, um servo fiel, caminhando pelas ruas ao lado de seu filho, enquanto mensagens de ódio ecoavam em seu telefone. “Seu infiel, vamos matar você”. Palavras frias e cruéis que, para muitos de nós, parecem inimagináveis, mas para Anis e Zahra eram um lembrete constante da hostilidade que os cercava. Ainda assim, eles continuaram. Eles falaram de Cristo, amaram o próximo e caminharam na fé.
Ao refletir sobre esse cenário, recordo as palavras de Jesus em Mateus 5:10-12: “Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus. Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus…”
Queridos irmãos, Anis viveu essas palavras. Ele as carregou não apenas como um verso bonito, mas como uma realidade viva. Ele sabia do perigo. Sabia que sua fé era uma afronta para aqueles que não conhecem o amor de Cristo. E mesmo assim, ele seguiu em frente. Anis não apenas acreditava na mensagem da cruz; ele a carregava nas costas todos os dias, até o momento em que sua vida foi cruelmente ceifada na frente de seus filhos.
Como não se comover com a dor de Zahra ao ouvir as palavras: “Anis foi morto”? Imagino o frio que correu por sua espinha, o choque e a descrença que a envolveram naquele momento. Ela foi confrontada com as memórias das ameaças que antes ignorara, acreditando que seriam apenas palavras vazias. Ah, como o inimigo sabe ser cruel! Ele não só tira vidas, mas tenta roubar a paz e a esperança daqueles que ficam.
E, no entanto, mesmo em meio à dor, Zahra continua. Seu testemunho ecoa a mesma fé que moveu os primeiros mártires do Cristianismo. Ela teme por sua vida? Sem dúvida. Ela sabe que pode ser a próxima? Certamente. Mas seu amor por Cristo e pelas almas ao seu redor é maior do que o medo da morte.
Isso me faz pensar: qual é o custo da nossa fé? Aqui, na segurança de nossas casas, muitas vezes reclamamos de problemas triviais. Reclamamos quando alguém nos olha torto por falarmos de Jesus. Reclamamos quando somos ignorados ao compartilharmos o Evangelho. Mas será que sabemos realmente o que significa carregar a nossa cruz?
Zahra e Anis sabiam. Eles entendiam que seguir a Cristo é um chamado para a eternidade, não para o conforto terreno. Eles sabiam que o Reino de Deus vale mais do que qualquer tesouro deste mundo, inclusive suas próprias vidas. Anis pagou com sangue, e Zahra continua pagando com lágrimas e coragem.
A história deles não é isolada. No Iêmen, o terceiro país mais perigoso para os seguidores de Cristo, essa é a realidade diária de muitos irmãos e irmãs em Cristo. Eles vivem sob constante ameaça de morte, violência e isolamento. Eles sabem que o preço de sua fé pode ser cobrado a qualquer momento.
Como Corpo de Cristo, não podemos fechar os olhos para essa realidade. Precisamos orar fervorosamente por Zahra, por todos aqueles que continuam a pregar o Evangelho em terras hostis, e por nós mesmos, para que tenhamos a coragem de viver nossa fé sem medo. Hebreus 13:3 nos lembra: “Lembrai-vos dos presos, como se estivésseis presos com eles; e dos maltratados, como sendo vós mesmos também no corpo.”
Mas também precisamos aprender com eles. Precisamos aprender que a fé não é um refúgio confortável, mas uma batalha constante contra as trevas. Precisamos aprender que o Evangelho não é apenas uma mensagem de amor e esperança, mas também um desafio àqueles que vivem na escuridão. E, acima de tudo, precisamos aprender que seguir a Cristo significa estar disposto a pagar qualquer preço, inclusive o da própria vida.
Queridos irmãos, enquanto escrevo estas palavras, meu coração se parte pela dor de Zahra e pela perda de Anis, mas também se enche de esperança ao ver a fidelidade deles. Eles nos lembram que a Igreja de Cristo é viva, corajosa e inabalável, mesmo nas terras mais hostis.
Se Anis pudesse falar conosco hoje, tenho certeza de que ele diria o mesmo que Paulo disse em Filipenses 1:21: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho.” Ele ganhou sua coroa de glória, e sua morte não foi em vão. Seu sangue clama por justiça, mas também planta sementes de fé nos corações daqueles que o conheceram.
E quanto a nós? O que faremos com esse testemunho? Continuaremos vivendo uma fé confortável e acomodada, ou nos levantaremos para proclamar Cristo sem medo, independentemente das consequências?
Peço a cada um de vocês que ore por Zahra e por todos os nossos irmãos perseguidos ao redor do mundo. Mas também peço que olhem para dentro de si mesmos e reflitam sobre o que estão dispostos a sacrificar por Jesus. Estamos prontos para pagar o preço? Estamos prontos para viver a fé com a mesma coragem de Anis?
Que Deus nos dê força, fé e coragem para seguir o exemplo deles. Que nunca nos esqueçamos do custo da cruz e do poder da Ressurreição. Que sejamos encontrados fiéis, assim como Anis foi.
Com informações Portas Abertas