
Querido irmão, querida irmã,
O que nos leva a refletir sobre o sofrimento de nossos semelhantes, sobre a dor que vemos se espalhar no mundo, sobre os atos de violência que, a cada dia, se tornam mais chocantes e incompreensíveis? Será que estamos suficientemente atentos para enxergar os sinais que Deus nos dá e agir conforme a Sua Palavra? Hoje, quero compartilhar com você uma reflexão sobre um fato triste e lamentável que ocorreu recentemente, e que, de forma cruel, nos lembra da profundidade da depravação humana. É o caso de Caio Nascimento Pereira, um homem que se dizia ser um “homem de Deus” e, ao mesmo tempo, perpetuava um ciclo de violência e destruição, culminando na morte de uma mulher, a jornalista Vanessa Ricarte.
O que me chamou a atenção nesse trágico evento foi justamente o contraste gritante entre as palavras de Caio, que exaltava em suas redes sociais ser um “homem de Deus”, e suas ações de uma crueldade indescritível. Quantas vezes, queridos, nos deparamos com pessoas que, em nome de Deus, fazem apologia a uma vida de bondade e retidão, mas cujos atos não refletem, em nada, a transformação verdadeira que Cristo deseja operar em nossos corações? Quantas vezes já não ouvimos, de pessoas que se apresentam como exemplares, discursos cheios de piedade, mas que, no fundo, são apenas máscaras para encobrir um caráter corrompido, cheio de amargura, ódio e violência? E quando, por fim, a verdade vem à tona, não podemos mais ignorar o que está escondido nas profundezas do coração humano.
Esse homem, Caio, usava a música gospel para propagar sua imagem de homem de fé, sendo ouvido e aplaudido em muitos lugares, mas, ao mesmo tempo, estava marcado por um histórico de agressões, ameaças e desrespeito à vida das mulheres que passavam por sua vida. Ele não era um exemplo de fé, mas sim um exemplo trágico de uma alma que, embora proclamasse a fé, não permitia que ela transformasse seu caráter. Não há como ignorar que, por trás dessa fachada de piedade, havia uma mente corrompida e cheia de rancor, um coração que nunca foi verdadeiramente tocado pelo amor de Deus.
O Senhor nos ensina, em Sua Palavra, que “pelos frutos os conhecereis” (Mateus 7:20). As ações de um homem falam muito mais sobre quem ele é do que qualquer palavra que possa proferir. Caio, com suas várias denúncias de violência, abusos e até ameaças de morte, não é uma exceção, mas um reflexo de uma realidade preocupante: muitos se levantam dizendo ser de Deus, mas, na prática, vivem vidas cheias de iniquidade e engano. O Senhor nos alertou que “nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus” (Mateus 7:21). A verdadeira fé se reflete em nossa conduta, em nosso trato com o próximo, em nossa capacidade de amar e respeitar os outros, especialmente os mais vulneráveis.
Vanessa Ricarte, que teve sua vida brutalmente tirada por esse homem, representa, infelizmente, tantas mulheres que sofrem silenciosamente, sendo vítimas de relacionamentos abusivos, seja no campo físico ou psicológico. O que nos dói profundamente é que ela, antes de sua morte, havia buscado ajuda. Ela procurou a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) para denunciar os abusos de Caio, pedindo uma medida protetiva. E, apesar disso, sua vida foi ceifada de maneira cruel, em um ato de violência que ecoa como um grito de socorro que, muitas vezes, não é ouvido.

Isso nos traz à reflexão sobre a urgência de nossa responsabilidade como cristãos em combater a violência, em cuidar uns dos outros, em ser instrumentos de Deus para proteger os indefesos, para falar em nome daqueles que não podem mais falar. A Palavra de Deus é clara ao nos ensinar sobre o valor da vida humana, sobre a dignidade que cada pessoa tem aos olhos de Deus. Não podemos, de maneira alguma, nos conformar com a violência que assola nossa sociedade, com a falta de compaixão, com o desprezo pela vida.
Nós, como cristãos, devemos ser os primeiros a lutar pela justiça e pela verdade, a sermos defensores dos fracos e oprimidos. O Senhor nos chamou para ser luz no mundo, para levar a Sua Palavra de amor e de paz, mas também para ser firmes na denúncia do mal e da injustiça. Não podemos fechar os olhos para os abusos que acontecem ao nosso redor. Não podemos permitir que as vítimas continuem sofrendo em silêncio, esperando por uma intervenção que nunca chega.
Eu sei que, diante de um cenário tão desolador, muitos podem se sentir impotentes. Como podemos, em meio a tanta maldade, agir de forma eficaz? A resposta está em Cristo, que nos capacita a fazer a diferença no mundo. A resposta está em nós, como Igreja, nos unirmos em oração e em ação, denunciando o pecado, socorrendo o aflito, cuidando dos que estão caídos. O apóstolo Tiago nos exorta, dizendo: “A religião pura e sem mácula para com o nosso Deus e Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições, e a si mesmo se manter incontaminado do mundo” (Tiago 1:27).
Quando olhamos para o sofrimento de Vanessa, para a dor de tantas mulheres que, assim como ela, enfrentam abusos, traições e violência, precisamos nos questionar: estamos fazendo o suficiente? Estamos sendo a voz daqueles que não têm voz? Estamos agindo em conformidade com os ensinamentos de Cristo, defendendo os oprimidos e buscando justiça?
A tragédia de Vanessa Ricarte não é um caso isolado. Ela é apenas uma das muitas vítimas de uma sociedade que, em muitos aspectos, ainda tolera a violência e o abuso, muitas vezes disfarçados sob a fachada de boas intenções. A verdadeira fé, no entanto, não pode ser ignorante nem complacente diante do mal. Devemos buscar ser instrumentos de transformação, de cura e de proteção, guiados pelo amor de Deus, que nos ensina a amar ao próximo como a nós mesmos.
Hoje, convido você, querido irmão, querida irmã, a refletir sobre a sua própria vida. Como você tem vivido sua fé? Suas ações refletem o amor de Cristo? Você tem se importado com as vítimas ao seu redor, ou tem se fechado em um mundo de indiferença e comodidade? Que possamos, juntos, ser mais do que palavras e aparências, mas viver uma fé genuína, que se traduz em ações de amor, compaixão e justiça.
Que o Senhor nos ajude a ser luz neste mundo escuro, a levar esperança aos que sofrem, e a viver de acordo com os Seus princípios. Que possamos ser uma Igreja que verdadeiramente reflete o caráter de Cristo, defendendo a vida, a justiça e o amor. Que a morte de Vanessa não seja em vão, mas que ela nos lembre da importância de lutar pelo bem, de denunciar o mal e de agir com firmeza na defesa dos que não têm voz. Que Deus nos abençoe e nos fortaleça para sermos instrumentos de Sua paz e justiça.
Com amor e em Cristo,
Com informações Correio do Estado