
“E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que os faça esperar?” (Lucas 18:7)
Querido irmão em Cristo,
Que a paz que excede todo entendimento guarde o seu coração e a sua mente em Cristo Jesus neste momento em que estas palavras chegam até você. Escrevo com a alma transbordando, como quem encontrou refúgio depois de um longo tempo de tempestade. E se você me permitir, quero dividir contigo algo que o Senhor tem martelado com ternura e firmeza em meu espírito: a fidelidade de Deus em fazer justiça aos seus escolhidos, mesmo quando parece que Ele tarda.
Quantas vezes você já clamou, orou, jejuou, chorou e esperou… e nada aconteceu? Quantas vezes você se pegou perguntando: “Senhor, será que o Senhor me ouve mesmo? Será que ainda estás aí?” A vida nos prega peças, não é? E às vezes o silêncio do céu parece ensurdecedor. Mas é nesse exato momento — quando tudo parece congelado e sem resposta — que a Palavra viva de Deus ressurge com poder, como um farol em meio ao mar revolto. E foi justamente isso que o Espírito Santo me levou a meditar: Lucas 18:7.
Essa pergunta de Jesus tem algo de profundo e desconcertante. Ela não é um questionamento por acaso. É uma provocação divina, uma cutucada no íntimo da nossa fé: “Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a Ele de dia e de noite?” E então Ele completa: “ainda que os faça esperar.” Ah, esse “ainda que” é o que mais dói. É aí que mora o desafio da fé verdadeira.
Jesus nos conta essa parábola do juiz iníquo que atendeu uma viúva persistente, não porque era justo ou bondoso, mas porque ela insistia. A mulher não desistiu, mesmo diante de um homem que não temia a Deus nem respeitava ninguém. E então, Jesus, em sua sabedoria e graça, usa esse exemplo para apontar o contraste: se até um juiz injusto responde à persistência, quanto mais o Deus justo e amoroso responderá aos seus filhos que O buscam incessantemente!
Mas o tempo… ah, o tempo! Esse é o nosso verdadeiro adversário na espera. Porque, convenhamos, nós vivemos na era da urgência. Queremos tudo pra ontem. Mas Deus trabalha com outra lógica. Ele vê o todo, enquanto nós enxergamos apenas uma parte do caminho. Ele molda o caráter, enquanto nós queremos apenas o resultado. E, por isso, Ele faz esperar.
Mas espera… não como um castigo. Espera como um processo. Espera como um fogo refinador que purifica a alma. Espera como uma escada de amadurecimento espiritual. E sabe por quê? Porque quando você clama “de dia e de noite”, algo dentro de você começa a mudar. A dor da demora vai sendo substituída por confiança. O desespero vai dando lugar à intimidade. O egoísmo vai sendo drenado, e a vontade de Deus começa a se sobrepor à sua.
Sim, Deus fará justiça. Mas talvez não da forma que você imagina. A justiça de Deus não é apenas vingança contra os que nos fizeram mal. Não é só a restituição material daquilo que nos foi tirado. A justiça de Deus é também a correção do nosso interior, o ajuste do nosso coração ao coração Dele. É o realinhamento dos nossos desejos com a Sua vontade eterna. É um ato de amor, não apenas de poder.
Quantas vezes já vi pessoas clamando por justiça em meio a injustiças humanas terríveis — famílias desfeitas, doenças inexplicáveis, traições profundas, fracassos devastadores. E muitas vezes o socorro não veio do jeito que esperavam. Mas, em todas essas situações, o Senhor fez algo muito maior: Ele se revelou. E quando Deus se revela, tudo muda. A presença Dele preenche de tal forma que até o que nos parecia impossível de suportar se torna suportável. Até o que julgávamos imperdoável se torna perdoável. Até a dor mais cortante se transforma em adoração.
A justiça de Deus, meu irmão, nunca falha. Pode demorar aos olhos humanos, mas ela vem. E quando vem, não apenas resolve, ela cura. Ela restaura. Ela redime.
E é por isso que Jesus pergunta com tom quase de indignação: “Você acha mesmo que Deus não fará justiça?” É como se Ele dissesse: “Você acha que o Pai celeste ignora as suas lágrimas? Você crê que Ele é menos sensível que um juiz iníquo?” Não, meu amado. O nosso Deus vê. O nosso Deus ouve. O nosso Deus age.
Mas há algo a mais aqui que não podemos ignorar. A pergunta de Jesus termina com um alerta implícito: “Ainda que os faça esperar.” Ou seja, Deus vai fazer, mas não necessariamente quando ou como você quer. E isso exige fé. Fé verdadeira. Fé que resiste ao tempo. Fé que não depende de resultados imediatos. Fé que permanece mesmo diante do aparente silêncio.
Você já percebeu que os “escolhidos” mencionados por Jesus não são os que oram ocasionalmente? São os que clamam de dia e de noite. Ou seja, os que têm intimidade com o Pai. Os que não param de buscar, mesmo sem ver resposta. Os que persistem não por desespero, mas por confiança. Os que têm certeza de que, mesmo que demore, Deus virá com justiça.
É como aquela criança que confia que o pai virá buscá-la na escola, mesmo que todos os outros pais já tenham chegado. Ela espera, porque conhece o coração do pai. Ela sabe que ele pode atrasar, mas não vai falhar.
Assim também devemos ser nós diante de Deus. Devemos confiar, mesmo quando tudo parece estar indo na direção oposta. Devemos continuar clamando, mesmo que a nossa voz pareça ecoar no vazio. Devemos permanecer em oração, mesmo quando as lágrimas substituem as palavras.
E quando a justiça de Deus se manifesta — e ela sempre se manifesta — o impacto é completo. Não é apenas uma resposta ao pedido; é um testemunho. Um marco na nossa caminhada de fé. Um memorial de que Deus é fiel e não se esquece dos seus filhos.
Talvez hoje você esteja nessa sala de espera divina. Talvez você esteja orando há anos por algo: a salvação de alguém querido, a cura de uma enfermidade, a libertação de um vício, a restauração de um casamento, a porta de um emprego que nunca se abre, a resposta que não vem.
Seja o que for, deixe-me lhe dizer com todo o amor e autoridade da Palavra: não desista. Continue clamando. Continue esperando. Continue crendo. Porque o Deus que vê em secreto, recompensará publicamente. O Deus que prometeu, é fiel para cumprir. O Deus que te escolheu, não te abandonará na metade do caminho.
O mundo pode rir da sua fé. As pessoas podem te chamar de tolo. Até mesmo a sua alma pode vacilar e sentir-se fraca. Mas a Palavra é clara: Ele fará justiça aos seus escolhidos. Pode confiar.
E eu encerro esta carta com uma oração sincera: que o Senhor fortaleça o seu coração nesta jornada. Que você não esmoreça no clamor, mesmo que os dias sejam longos. Que a sua fé seja como a da viúva da parábola — persistente, ousada, determinada. Que, ao final de tudo, você possa olhar para trás e ver que valeu a pena esperar em Deus.
Porque vale, sim. Sempre vale.
Com amor, fé e esperança,