Perseguições e ataques diários aos cristãos na Índia aumenta mais de 550% em uma década

Queridos leitores do Cartas Gospel, Escrevo-lhes com um peso no coração, movido

Cristãos em um protesto de 2023 em Delhi contra os crescentes ataques à comunidade minoritária. Reprodução/Christian Solidarity International (CSI)

Queridos leitores do Cartas Gospel,

Escrevo-lhes com um peso no coração, movido por um chamado de urgência e reflexão. O mundo assiste, muitas vezes em silêncio, a uma das mais intensas perseguições religiosas do nosso tempo. A situação dos cristãos na Índia tornou-se uma ferida aberta que clama por justiça, por compaixão e por uma resposta à altura da dignidade humana.

Em 2024, a Índia registrou uma média de mais de dois ataques diários contra cristãos. Foram documentados 834 incidentes de perseguição, um número histórico que revela a brutalidade crescente contra aqueles que professam a fé em Cristo. A tendência é estarrecedora: um aumento de 555% na década de 2014 a 2024. Esses números frios, no entanto, não traduzem a dor das famílias despedaçadas, dos templos saqueados, das vidas ceifadas e das esperanças dilaceradas.

O cenário revelado pelo United Christian Forum (UCF) é desolador. Entre os atos de violência relatados, encontram-se 149 agressões físicas, 209 casos de danos à propriedade e impressionantes 798 episódios de intimidação e assédio. Em 331 ocasiões, cristãos foram impedidos de se reunir para cultuar, uma afronta à liberdade religiosa garantida constitucionalmente pelo próprio Estado indiano.

É impossível ignorar a atmosfera de medo instaurada. Comunidades inteiras são forçadas ao exílio dentro do próprio país. O Partido Nacionalista Hindu Bharatiya Janata (BJP), que governa estados como Uttar Pradesh e Chhattisgarh, é apontado como responsável pela omissão diante dessa caça declarada aos cristãos. O ódio, instigado por uma ideologia que busca a pureza religiosa do país, levou ao extremo a hostilidade contra os seguidores de Cristo.

Um episódio recente ilustra essa realidade de maneira aterradora: em 26 de abril de 2024, um homem cristão de 65 anos faleceu em um hospital. Sua família, além do luto, enfrentou a oposição de extremistas hindus que tentaram impedir o sepultamento segundo os ritos cristãos. O corpo permaneceu retido por dois dias, até que, sob proteção de 500 policiais, a família conseguiu realizar o funeral. Pergunta-se: onde está o respeito pelo próximo? Onde está a ação do Estado para garantir a dignidade até mesmo na morte?

O silêncio das autoridades, infelizmente, não surpreende. Das 834 ocorrências documentadas, apenas 392 se tornaram registros policiais formais. A impunidade impera, fortalecendo o sentimento de desamparo entre os cristãos indianos. Como expressou a UCF: “O medo domina o discurso – medo da ‘polícia’ cultural que define quem é indiano, quem é um cidadão leal e quem é um estrangeiro.”

Essa situação é agravada por leis que se disfarçam de proteção, mas são usadas como instrumentos de repressão. As chamadas leis anticonversão criminalizam mudanças de fé que não tenham sido previamente autorizadas pelo governo. Isso tem se tornado um pretexto para prender cristãos injustamente. Hoje, pelo menos 100 irmãos em Cristo estão encarcerados, alguns sem direito à fiança, pelo simples fato de evangelizarem ou expressarem sua fé.

Os ataques ocorrem sob a justificativa de conter conversões “forçadas” ao cristianismo. No entanto, a verdadeira coerção está nas “reconversões” forçadas ao hinduísmo, promovidas por grupos extremistas. Esses movimentos, respaldados por discursos inflamados, querem reduzir os cristãos a cidadãos de segunda classe, quando não eliminá-los de vez do tecido social indiano.

Entre as vítimas da perseguição, estão mulheres, crianças e membros das camadas mais vulneráveis da sociedade, como os Dalits (a casta mais baixa da hierarquia indiana) e os povos indígenas. Estes são alvos fáceis para a violência sectária, pois já enfrentam marginalização em outras esferas da vida. Muitos perdem o acesso a serviços essenciais, como saúde e educação, e vivem sob constante pressão psicológica.

O que nos resta diante dessa realidade? Como Igreja, como irmãos em Cristo, como seres humanos que defendem a dignidade e a liberdade de fé, não podemos permanecer calados. A história nos mostra que, onde há silêncio diante da injustiça, a violência prospera.

Oremos, sim, pelos cristãos na Índia. Mas não apenas isso. Informemo-nos, mobilizemo-nos, exijamos ação das lideranças internacionais. Lembremo-nos de que a Igreja Primitiva também sofreu perseguições intensas, mas, através da oração e da resistência pacífica, permaneceu firme. Hoje, mais do que nunca, somos chamados a ser sal da terra e luz do mundo (Mateus 5:13-14), denunciando a injustiça e levando alento aos que sofrem.

Que Deus fortaleça os nossos irmãos na Índia e desperte a consciência dos que podem intervir. Que sejamos parte ativa dessa resposta. Não podemos ignorar a dor dos nossos irmãos.

Em Cristo,

Com informações Christian Solidarity International

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Romanos 13:1-2

1 Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas. 2 Portanto, aquele que se rebela contra a autoridade está se opondo contra o que Deus instituiu, e aqueles que assim procedem trazem condenação sobre si mesmos.

Isaías 10: 1-3

1 Ai daqueles que promulgam leis iníquas, e todos que elaboram decretos opressores, 2 a fim de privar os pobres dos seus direitos e evitar que os oprimidos do meu povo tenham pleno acesso à justiça, transformando as viúvas em presas de suas ambições e despojando os órfãos! 3 Pois bem, que fareis no Dia do Castigo, quando a destruição vier de um lugar distante, mas certeira? A quem correreis em busca de abrigo e socorro, onde deixareis as vossas riquezas,…

Leandro G. Veras

Cartas Gospel

Alcançado pelo evangelho de Jesus Cristo em 1979 e, desde então, apaixonado pela Palavra de Deus.  Compromisso é comunicar a Verdade com amor e convicção, inspirando e esperança em Cristo.

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